PERPÉTUA
Sempre andei fora da linha,
Fora da margem, fora da caixa
Fora de casa, fora do tempo, fora da lei
Por hora, dentro de mim.
Não entro onde não me cabe.
Não duro onde tudo passa
Não permaneço em coisas ou pessoas
Sou mutável demais para uma forma
Agitada demais para sua estante
Adaptável, porém inconstante
É no muro da vida que eu resido
Ando na beira, sem eira nem receio do inflamável.
Sou bicho solto, indomável
Marginalizada por opção.
Eu não caibo em mão fechada, passo fácil entre as frestas, escorro como sabão.
Eu não caibo em um relógio, me falta tempo, me sobra o óbvio... Quanto à Cronos, nenhuma afeição.
Eu me perco em cercos, eu me acho no vago, me encontro no hiato e permaneço no inacabado.
Sempre em obras, sem manobras, sigo sem ritmo,
Sou atemporal.