PERPÉTUA

Sempre andei fora da linha,

Fora da margem, fora da caixa

Fora de casa, fora do tempo, fora da lei

Por hora, dentro de mim.

Não entro onde não me cabe.

Não duro onde tudo passa

Não permaneço em coisas ou pessoas

Sou mutável demais para uma forma

Agitada demais para sua estante

Adaptável, porém inconstante

É no muro da vida que eu resido

Ando na beira, sem eira nem receio do inflamável.

Sou bicho solto, indomável

Marginalizada por opção.

Eu não caibo em mão fechada, passo fácil entre as frestas, escorro como sabão.

Eu não caibo em um relógio, me falta tempo, me sobra o óbvio... Quanto à Cronos, nenhuma afeição.

Eu me perco em cercos, eu me acho no vago, me encontro no hiato e permaneço no inacabado.

Sempre em obras, sem manobras, sigo sem ritmo,

Sou atemporal.

Daiane Alves
Enviado por Daiane Alves em 20/09/2023
Reeditado em 20/09/2023
Código do texto: T7889887
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.