“Calmaravilha”
Tem passarinho encantando na janela
Logo cedo que nem dá tempo de foto
Baixo o olhar pra abrir a câmera e
Perco o melhor ângulo do retrato
Passarinho que pousa pra expor o canto
Talvez não goste de ser fotografado
O sol nasce queimando o sereno
O céu se livrando das nuvens traz sossego
O mar aberto feito meu peito, rebento,
Em um despertar do desamor
Da noite, do ontem, do que ficou
A poesia autodidata é experiência
Como se escrevesse a ela mesma sozinha
E eu só tivesse que perceber sem desobediência
A vida sucinta ensina sustentando a si própria e
Eu intrometido invento propostas ao tempo
Que me dá sempre outra oportunidade de reparar.