Pra sair do rascunho
havia um tempo que tudo era longe e perto
os sonhos e a vontade de chegar e ao mesmo tempo ficar onde estava
não havia o compromisso com a realidade de um futuro
nem havia remorso por não sentir saudade do que não tinha
era um tempo de juventude que ainda não se situava
na burocracia, nem no processo de mudança casulo borboleta
queria achar as respostas que eram invisíveis no mundo
no meu nosso mundo injustificável de descompromisso
era apenas celebrar a rua, as cordas de um violão, o rascunho de um poema,
a beleza de uma tarde alaranjada arrebol pôr do sol
e colher fotografias inesperadas
sentado na calçada meio fio chão de asfalto barro paralelepido
como flexa cupido no coração dos amantes que nem se conheciam
depois visitar montanhas subindo pelas rodovias
e a respiração ofegante de riso brincadeira palhaço
com a namorada que sonhou e hoje é realidade