Cosmosomática
No girar de outro tempo
No passar de outro astro
Gravitam recordações translúcidas do passado
A história perdura neste templo do inconsciente na memória.
E o presente e futuro
Em frêmito ardor entre estrelas mortas
Dissociados em milhões de constelações
pairadas no abismo
Captura o olhar da criatura refratada em
carne, sangue e sentidos.
Há delírio nessa contemplação fixa.
O humor e horror, nascidos de uma mesma vinha,
Desfocam a princípio do êxtase,
O julgamento do que o assusta e fascina.
Mas após a recaída do onírico,
Em choque perceptivo
- Ou retorno pródigo do espírito -
A matéria fita sua simbologia,
Mira seu criador onisciente, o infinito vácuo
espontâneo do universo e da vida
E reconhece em excitante prelúdio
A origem do pensamento,
A síntese de suas partículas…
Que como marca do vazio recreativo
estão incutidas em cada ser
E na areia celeste que recaí infindável
no firmamento, no circular eterno,
indiferente, das espirais místicas.