Olhos caídos

Veio de olhos caídos

Um jovem cantor

Que ditava com a música

A sabedoria do amor

E a liberdade do autor.

Mas ele passou afastado

Parecia-me cansado

Atordoado

Como quem levou um grito

E não soube reagir.

Caiu bêbado nos próprios sapatos

E chorou igual a um menino

Que perdeu sua mãe e o pirulito colorido

De cores sem fim.

Eu corri até ele

E percebi que ele não era mais aquele cantor feliz

Quem alegrava as noites de sábado e domingo

Era apenas um menino

De coração varrido

E de peito estufado.

Naquele beco escuro e de pouca luz

Me perguntava.

Onde está o cantor?

Aonde foi todo esse encorajamento?

Por que choras tanto?

Dali eu percebi em seus olhos

Que a falta de amor

O desabrigou.

Então eu o levantei

E o confortei em meus braços

Mas ele pedia

Para ser só mais um amigo

Que não fingisse tanto show ou qualquer outro esplendor.

Eu lhe disse

Já devia ter feito isso antes

Mas ele era apenas um cantor

Que não tinha tamanha grandeza

Para mostrar que sabia

Viver sem seu lamento.

Ágatha Ternurie
Enviado por Ágatha Ternurie em 28/08/2023
Reeditado em 29/08/2023
Código do texto: T7872323
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