Olhos caídos
Veio de olhos caídos
Um jovem cantor
Que ditava com a música
A sabedoria do amor
E a liberdade do autor.
Mas ele passou afastado
Parecia-me cansado
Atordoado
Como quem levou um grito
E não soube reagir.
Caiu bêbado nos próprios sapatos
E chorou igual a um menino
Que perdeu sua mãe e o pirulito colorido
De cores sem fim.
Eu corri até ele
E percebi que ele não era mais aquele cantor feliz
Quem alegrava as noites de sábado e domingo
Era apenas um menino
De coração varrido
E de peito estufado.
Naquele beco escuro e de pouca luz
Me perguntava.
Onde está o cantor?
Aonde foi todo esse encorajamento?
Por que choras tanto?
Dali eu percebi em seus olhos
Que a falta de amor
O desabrigou.
Então eu o levantei
E o confortei em meus braços
Mas ele pedia
Para ser só mais um amigo
Que não fingisse tanto show ou qualquer outro esplendor.
Eu lhe disse
Já devia ter feito isso antes
Mas ele era apenas um cantor
Que não tinha tamanha grandeza
Para mostrar que sabia
Viver sem seu lamento.