O dia em que conheci Kali
Olhos nos olhos e ela me contou sua vida, dos seus traumas e desamores,
se despiu da pele e músculos que tinha,
me mostrou as marcas em seus ossos.
O sorriso simples e cativante dava lugar ao brilho de lágrimas nos olhos.
Sem perder a ternura, sangrou a cada palavra.
Falou de sua fúria e de como tirou árvores do chão e estremeceu montanhas,
de como enfrentou demônios com punhos fechados e dentes cerrados.
Falou de como já foi uma brisa suave acalentando um rosto, e como foi também uma tempestade afundando navios.
Era uma mulher, era uma mãe, era tudo que precisava ser para fazer a terra girar.
Pude sentir sua força, sua dor, era como estar distante de um tornado, uma força da natureza.
Maravilhado com o seu poder, só fiquei imovel na minha pequenez, pois estava diante de uma deusa.
Às vezes frágil como uma porcelana, às vezes cortando cabeças e lambendo sangue.