Medo.

Não tenho medo da morte

Da fome, da estupidez ou do frio

Destas coisas eu sempre me esquivei

Porquanto, a solução pra todas elas

Podem ser encontradas por mim

Meu medo é não saber achar

Aquelas coisas que independem

da boa vontade da gente

Pois, sem elas

Tudo mais não tem valor algum

E sem elas não se vive uma vida

Sobrevive-se somente

Engole-se diariamente

O gosto amargo das desilusões

O peso da carga que advém

Resultantes do desdém

e da maldade alheia

Não tenho medo de parar meu coração

Eu tenho medo de não conseguir

Estancar o corte ou espantar a dor

Se porventura alguém a quem amar

Me pedir pra curar um corte em seu dedo

Não tenho medo de perder

Nada daquilo

Que novamente vai brotar

Eu sinto medo pelas coisas singulares

Coisa que não se conta

Não se recria, depois que se desmonta

Incomparáveis, sui generis

Coisas sem par

Tudo que eu preciso

é de um singelo sorriso

Não peço ao vento que me traga

Me diga onde está

Que eu vou buscar

Edson Ricardo Paiva