Lamentos de um ponteiro
Há um instrumento que determina nossa rotina,
Corremos,
Contra e a favor do tempo,
E muitas vezes esquecemos,
Que os ponteiros continuam seu tilintar,
Porém a vida,
Finda.
Breve e intensa vida,
Deixamos todas as conquistas.
E os arrependimentos,
Serão nossa bagagem,
Acumulamos em memórias,
Antes de cerrarmos os olhos,
Pedir perdão a nós mesmos,
Por tanta vida ao ralo,
Que agora se esvazia,
Para uma nova travessia.
O ouro,
Os outros,
Uma louca rotina,
Filhos e pais ficam sós.
E a solidão passa despercebida,
Uma multidão de pessoas frias,
Almas em telas,
Senha,
Desbloqueio,
Para ser lida.
Transtornos inventados.
Para descobrir?
Consulte a cartomante,
Lê a mente,
Atos, gestos e pensamentos,
Diagnóstico pronto,
Medicado,
Entorpecido pelo coletivo,
Ajustado,
Enquadrado,
Doses diárias,
Frequência,
Enxugue as lágrimas,
Acenda as luzes,
E volte a vida.
Somos engrenagem,
Desse eterno tic tac,
Nada de liberdade,
Pense dentro da caixinha,
Troca-se peças,
Ponteiros,
Da-se corda,
Nada de bateria,
A consciência de infinidade do relógio,
Demonstra seu fim,
Enferrujada,
Peça trocada,
Segue vida,
Não lembraremos de ti.
A cada pulo do ponteiro,
Sinto o término chegar,
As dores me consomem,
Vou descansar,
Fecha os olhos,
E o arrependimento por tudo que deixei de fazer,
Me invade,
Transborda,
E no canto dos olhos,
Uma lágrima,
Insiste em correr.
Respiro fundo,
E fim.