Lamentos de um ponteiro

Há um instrumento que determina nossa rotina,

Corremos,

Contra e a favor do tempo,

E muitas vezes esquecemos,

Que os ponteiros continuam seu tilintar,

Porém a vida,

Finda.

Breve e intensa vida,

Deixamos todas as conquistas.

E os arrependimentos,

Serão nossa bagagem,

Acumulamos em memórias,

Antes de cerrarmos os olhos,

Pedir perdão a nós mesmos,

Por tanta vida ao ralo,

Que agora se esvazia,

Para uma nova travessia.

O ouro,

Os outros,

Uma louca rotina,

Filhos e pais ficam sós.

E a solidão passa despercebida,

Uma multidão de pessoas frias,

Almas em telas,

Senha,

Desbloqueio,

Para ser lida.

Transtornos inventados.

Para descobrir?

Consulte a cartomante,

Lê a mente,

Atos, gestos e pensamentos,

Diagnóstico pronto,

Medicado,

Entorpecido pelo coletivo,

Ajustado,

Enquadrado,

Doses diárias,

Frequência,

Enxugue as lágrimas,

Acenda as luzes,

E volte a vida.

Somos engrenagem,

Desse eterno tic tac,

Nada de liberdade,

Pense dentro da caixinha,

Troca-se peças,

Ponteiros,

Da-se corda,

Nada de bateria,

A consciência de infinidade do relógio,

Demonstra seu fim,

Enferrujada,

Peça trocada,

Segue vida,

Não lembraremos de ti.

A cada pulo do ponteiro,

Sinto o término chegar,

As dores me consomem,

Vou descansar,

Fecha os olhos,

E o arrependimento por tudo que deixei de fazer,

Me invade,

Transborda,

E no canto dos olhos,

Uma lágrima,

Insiste em correr.

Respiro fundo,

E fim.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 17/08/2023
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