Vem, nicotina

Nicotina, nicotina,

Vem circular em meu sangue

Entra leve por minha narina,

Serena como as águas do mangue.

Abraça-me suave,

Nesse impulso quero estar abrasado,

Vem ao meu peito e cave,

Planta nele, em suave arado

Algo mais que distrativo.

Não é em ti que terei consolo,

Nem no prazer estarei vivo.

Meu peito vago, não posso opô-lo

A qualquer opróbrio ou muro.

Vem, então, como força alheia,

Nisso, incerto, me farei seguro,

Enroscado numa teia.