Texturas

 

Vendo "Texturas" chorei,

e chorei outra vez.

E vou chorar cada vez.

 

Queria dizer alguma coisa,

migrei para dentro de mim mesma.

busquei ali palavras,

consolos, sentimentos.

 

Mas,

não sei.

Acho que não devo.

A vida já fala tanta coisa.

E acho que não sei o que dizer.

 

Desejo, que se desenrole da dor.

E mesmo, nos 70 anos de sonhos

vale a pena começar de novo.

 

Olhar para cima,

além da montanha.

Além das nuvens

que a cobrem a cada manhã

ao abrir da janela.

 

Para além do vento

que açoita a alma

da terra e da gente.

 

Para além dos fios de alta tensão.

Olhe para as flores que passam por eles.

Para as flores que cobrem

o barro do telhado.

 

Olhe para as ruas

cheias de histórias.

Histórias de mãe e filha

que falam por incógnitas.

 

Histórias de casais

na contramão da vida.

Histórias que perambulam

pela rua, entre fadas.

 

Que esperam encontrar,

o labor que sustenta.

Histórias, que passam

pelo banco da pracinha do interior.

 

Olhe para onde os olhos de todos não olham.

E siga, mesmo as sinaleiras solitárias.

Elas com certeza levam para algum lugar.

Onde a aurora da vida nasce.

 

E onde a alma se funde,

com o azul da água.

Com o início e o fim

do arco-íris.

 

E com o recomeço,

da caminhada de sonhos.

 

De um poema de José Ernesto