O MEU PASSAR DOS ANOS (versos livres)
Como mudo, a cada segundo,
A cada inspiração sem expiração.
Mudo pelos sorrisos esqueléticos sem vida
E nas partidas sem despedidas,
Nas noites sonâmbulas sem estrelas,
No nascer do Sol sem revoadas das passaradas.
Com o passar temporal enfrento tempestades reais
E escondo-me das trovoadas pelas sombras das esperanças.
Mergulho-me por entre as gotas das salivas ácidas,
Caminhando por entre mausoléus de cemitérios santos
Habitados de anjos mortos, mas pecadores e
Não redimidos de seus calados pedidos de perdões.
Defronto-me nas gotas de orvalho das noites nuas
Com tolas tentativas de rejuvenescer.
O tempo ao passar mudou-se também,
Sendo rabichos de dessaber do meu Esperanto mudo
Desmantelado das conjugações
E de preposições essenciais ou acidentais.
Porém, desperto-me em tempo hábil
Tendo deslumbres da minha idade e nela a descoberta da Vida!
Na Vida, tenho os meus tempos-risos e minhas tristezas-tempos
Intensamente, infiltrados de sentimentos.