O MEU PASSAR DOS ANOS (versos livres)

Como mudo, a cada segundo,

A cada inspiração sem expiração.

Mudo pelos sorrisos esqueléticos sem vida

E nas partidas sem despedidas,

Nas noites sonâmbulas sem estrelas,

No nascer do Sol sem revoadas das passaradas.

Com o passar temporal enfrento tempestades reais

E escondo-me das trovoadas pelas sombras das esperanças.

Mergulho-me por entre as gotas das salivas ácidas,

Caminhando por entre mausoléus de cemitérios santos

Habitados de anjos mortos, mas pecadores e

Não redimidos de seus calados pedidos de perdões.

Defronto-me nas gotas de orvalho das noites nuas

Com tolas tentativas de rejuvenescer.

O tempo ao passar mudou-se também,

Sendo rabichos de dessaber do meu Esperanto mudo

Desmantelado das conjugações

E de preposições essenciais ou acidentais.

Porém, desperto-me em tempo hábil

Tendo deslumbres da minha idade e nela a descoberta da Vida!

Na Vida, tenho os meus tempos-risos e minhas tristezas-tempos

Intensamente, infiltrados de sentimentos.

Arabutã Campos
Enviado por Arabutã Campos em 29/07/2023
Código do texto: T7848811
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