não lembro de mais
amigos
que se tornam
conhecidos;
que se tornam
desconhecidos
por fim
às lembranças
queimadas
no travesseiro.
vozes
que se tornam
sons
misturados
no camelódromo,
no mercadão,
na feira de domingo,
no trajeto de volta
para casa
sem respondê-los.
sorrisos
que se tornam
vestígios
de alguém que você já foi;
e hoje você se encara
sem o medo,
sem o escárnio,
sem o débito
que tinha
consigo
pela palavra que julgou errada
quando todos já esqueceram,
pelo canalha que julgou perfeito
quando todos não souberam
de seu feito,
ou
pela honestidade
que sempre teve
fora do reflexo
do espelho.