Absorto

Sou um reflexo do caos:

Se, num instante, estou em ti;

Noutro, estou perdido em mim mesmo.

Não sei como chegarei aos meios

Se não tive pretensão dos meus fins

E os meus começos sempre se iniciam amanhã.

Minha surdez ouve o canto

De julgamentos desafinados

E logo esquece a melodia.

Transbordo os espaços que me cabem

E não me sinto suficiente:

Só me completo na minha ausência.