Jardim de Pessoas
Todo dia, eu olho pela janela
Vejo as pessoas que habitam o meu jardim
Entro no jardim para regar as pessoas
Com palavras, sejam elas de esperança
Genuínos elogios, e até mesmo aquelas
Reluzentes e douradas, embebidas de amor
Deixo adubo para elas
Em forma de estímulos para crescimento
Um conselho, uma ajuda, um suporte
Tudo para que sejam um pouco maiores
A cada dia
Deixo-as ficarem expostas ao sol
À luz que as permite ser quem verdadeiramente são
Que possam olhar para si mesmos, sem julgamento
E com aceitação própria
Uma luz que auxilia na fotossíntese delas
O produto dela: Amor-próprio
Tudo isso combinado resulta na liberação
Do perfume de suas pétalas e folhas
Cada pessoa tem um perfume único
Característico e especial
Aparecem, no entanto, criaturas daninhas
E pessoas mal-cheirosas
Roubando todo o alimento e substrato das outras
De longe, parecem ser fixas
Porém nada que uma extração manual
Não resolva
Inclusive, elas são mais fáceis de remover
Do que qualquer pessoa bem quista
No meu jardim
Pois suas raízes são fracas
E não se fixam em nada
Olho para o outro lado da rua
E vejo a vizinha da frente
Triste por ter um jardim acabado
Poucas pessoas, com aparência
Podre e mal cuidada
Estariam elas sendo submetidas
À falta de palavras regadas
Ausência de adubo de estímulo
Filtragem de luz solar?
Não satisfeita, ela passa no meu jardim
Vez ou outra, e pega uma das pessoas
Para colocar em seu próprio jardim
Ela se pergunta se eu tenho sorte
Ou se minha terra é abençoada
Entretanto, não é difícil observar
A falta de cuidado dela com as pessoas
Que a resposta se torna clara