Tarja Preta

O peito que às vezes arde,

O coração acelera,

Me culpo,

Me sinto covarde,

A mente tonta,

Inquieta,

Sentidos embaralhados,

A boca que muda,

Seca,

O desespero invade,

O certo,

Que sempre erra.

Eu sofro pelas maldades,

Humanos sofrem na Terra,

Limite da crueldade,

Invadem,

E buscam guerras,

Desmentem toda verdade,

Espalha fakes nas telas,

Razão em desvantagem,

A bela se torna fera.

Não quero a realidade,

Pintada em aquarela,

Forçando desigualdades,

Destaque em verde e amarela,

Quando tudo é fatalidade,

Todos os olhos,

Em sentinelas,

Maldade servida a la carte,

Desfila na passarela.

Fecham-se as cortinas,

De um corredor estreito,

Não há palco,

Nem plateia,

O pranto rola,

No chuveiro,

Depressão?

Paralisa?

Pânico?

Corram!

Sem sinais de incêndio,

Uma inconstante tristeza,

Sem sentido,

Só receio.

Pane!

Não há conserto?

Alguns ajustes serão feitos,

A base de medicamentos.

O coletivo agradece,

Agora se encaixa,

Funcionamento quase perfeito,

O perigo controlado,

De mãos dadas,

Segue a multidão,

Perde a ilusão,

Alma doutrinada,

Isolada,

Inserida ao meio.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 26/06/2023
Reeditado em 26/06/2023
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