Tarja Preta
O peito que às vezes arde,
O coração acelera,
Me culpo,
Me sinto covarde,
A mente tonta,
Inquieta,
Sentidos embaralhados,
A boca que muda,
Seca,
O desespero invade,
O certo,
Que sempre erra.
Eu sofro pelas maldades,
Humanos sofrem na Terra,
Limite da crueldade,
Invadem,
E buscam guerras,
Desmentem toda verdade,
Espalha fakes nas telas,
Razão em desvantagem,
A bela se torna fera.
Não quero a realidade,
Pintada em aquarela,
Forçando desigualdades,
Destaque em verde e amarela,
Quando tudo é fatalidade,
Todos os olhos,
Em sentinelas,
Maldade servida a la carte,
Desfila na passarela.
Fecham-se as cortinas,
De um corredor estreito,
Não há palco,
Nem plateia,
O pranto rola,
No chuveiro,
Depressão?
Paralisa?
Pânico?
Corram!
Sem sinais de incêndio,
Uma inconstante tristeza,
Sem sentido,
Só receio.
Pane!
Não há conserto?
Alguns ajustes serão feitos,
A base de medicamentos.
O coletivo agradece,
Agora se encaixa,
Funcionamento quase perfeito,
O perigo controlado,
De mãos dadas,
Segue a multidão,
Perde a ilusão,
Alma doutrinada,
Isolada,
Inserida ao meio.