Angústias

Entras-te sem bater,

Como um ladrão pulou a janela.

E roubou-me todo o meu ser,

Fugis-te, sobrando-me as mazelas.

Falei, porém tu não me escutou.

Chorei, porém não me consolastes.

Agora minha alma se esgotou,

E minha vida dilacerou em várias partes.

E no silêncio,

Fui acumulando gritos.

Da minha fala me abstenho,

Gemo implorante pelos meus risos.

Eu e tu não somos dois.

Não somos um.

Eu, sou dois.

Tu, é um.

Dizem para ser apenas você.

O bom, o ruim, o meio termo.

Mas desprezam o mais íntimo de seu ser.

Entre na fôrma, ou você será apenas um enfermo.

Pedem para seguir seu coração.

Como pode guiar, um que esteja despedaçado?

As feridas estão abertas, conselhos soam em vão.

Não há mais volta para cacos de um vaso de barro.

Pego o livro, o de capa mais bonita, amei.

Ao ler a sinopse percebo ser incrível.

Mas preciso devolve-lo, sabendo que nunca mais o verei,

E logo sou assolado por mais um sentimento terrível.

Em overdose pensei em minha vida suprimir,

Com comprimidos minhas dores e eu iriam morrer.

Mas na verdade é a angústia que não desejo sentir,

O que mais quero é, em paz viver.