Mendiga de Cântaros de Luz

Ando no envergado do tempo,

maltrapilha de sonhos

e mendiga de cântaros de luz...

 

se a noite me conhece em silêncio

é porque não sei para onde ir,

não sei do destino,

nem das encruzilhadas das estrelas

que beiram profundezas no coração.

 

Sou tal qual a rosa que diz

"vou indo" sem nem saber para onde vai,

pois as mãos a levam aonde quiserem...

- e que seja para alegria de algum coração -

E, ainda penso que, às vezes, é preciso não saber...

 

De fato é talvez seja preciso não saber

porque, assim, às vezes,

posso acumular horizontes...

nos olhos pedintes de luz...

ou nela - na luz - me perder...

Sim, sim, nela é possível me perder...

para sempre... me perder... nela... na luz...

 

Mas, é como não saber... se perder...

Pois quem se perde, sabe-se perdido...

Então... pode ser um caminho se perder...

 

A verdade é que se ainda tiver horizontes,

ainda há sonhos e tempo de sonhar....

e sonhar é viver...

mesmo que o caminho seja se perder...