resignada
a vida passa por mim como um espectro cruza paredes
permaneço intocada pelos movimentos da existência
uma essência permanente que saliva por mudança
a vida transborda de mim como petróleo
derramamento podre e espesso
a vida que morre ininterruptamente
odor fétido de repressão
paralisia
inércia
faísca
pulsão
movimento
a vida passa por mim como carros em via expressa
permaneço asfáltica e gasta
ondas de atritos, comprimida
a vida em mim implode
ar quente e fogo
o preço que nunca estive disposta a pagar
cruzamentos e pontes levam a qualquer lugar
não há um lar para quem já nasceu perdido