Corredor
Inerte, lendo rente ao corredor de casa
sinto o vento refrescando minhas ideias,
neste longo corredor, corre incertezas,
incertezas do futuro, da família, da paixão;
mas no fluxo desse córrego há alguém mal.
A fraqueza dela tornou-se peremptória;
as mudanças do tempo vieram austeras,
o inverno pela primeira vez me é frio.
O céu azul no corredor acinzentou-se,
a melancolia virou angústia, e firme
enrijeceu-se, tornou-se tenaz e imóvel.
Uma pedra pesou sobre ela e entre
o pêndulo da vida e da morte, balançam
incertezas do futuro, da família, da paixão.
O meu medo é o meu corredor esvaziar,
e nem os passarinhos brilharem o céu,
os livros não serem mais livros, mas dor,
dor de um tempo que passou o
vento deste meu corredor solitário.