Tons da idade
Quão bela é a tua velhice
Quão belo o filme em teu olhar
Esse véu tecido em dias de meninice
Essas cores reunindo os tons do mar
Quão bela é a tua velhice
Esse baú escondendo abraços que são meu mundo
Rouquidão da voz que só eu relembro a candura
O gemido e a música que fizeram meu tudo
Quão bela é a tua velhice
Essa novela que me ensinou andar de mãos dadas
Essas rugas que sorriram minhas vitórias, nossas
E aquelas paqueras mal elaboradas
Quão bela é a tua velhice
Cabelos exibindo a brancura do quanto amadurecemos
No amor, no companheirismo e na vida agridoce
Cambaleando mais beijos do que tapas
Quão bela é a tua velhice
O espelho que me faz grato a vida
O silêncio com enredos de sétima arte em meu cálice
A cegueira que com o tempo vem outorgando poder as lindas memórias
Quão bela é a tua velhice
O toque rugoso relembrando acesas libidos
A lenteza que me ensina a aceitar que o que se faz finito
Somente é a autorização para que como história sejamos lidos
Quão bela é a tua velhice,
A nossa, meu amor!
Porque sou teu cúmplice
A nossa, meu amor!