Tons da idade

Quão bela é a tua velhice

Quão belo o filme em teu olhar

Esse véu tecido em dias de meninice

Essas cores reunindo os tons do mar

Quão bela é a tua velhice

Esse baú escondendo abraços que são meu mundo

Rouquidão da voz que só eu relembro a candura

O gemido e a música que fizeram meu tudo

Quão bela é a tua velhice

Essa novela que me ensinou andar de mãos dadas

Essas rugas que sorriram minhas vitórias, nossas

E aquelas paqueras mal elaboradas

Quão bela é a tua velhice

Cabelos exibindo a brancura do quanto amadurecemos

No amor, no companheirismo e na vida agridoce

Cambaleando mais beijos do que tapas

Quão bela é a tua velhice

O espelho que me faz grato a vida

O silêncio com enredos de sétima arte em meu cálice

A cegueira que com o tempo vem outorgando poder as lindas memórias

Quão bela é a tua velhice

O toque rugoso relembrando acesas libidos

A lenteza que me ensina a aceitar que o que se faz finito

Somente é a autorização para que como história sejamos lidos

Quão bela é a tua velhice,

A nossa, meu amor!

Porque sou teu cúmplice

A nossa, meu amor!

Odibar João Lampeão
Enviado por Odibar João Lampeão em 24/05/2023
Reeditado em 24/05/2023
Código do texto: T7796311
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