UM PEDAÇO DE VIDA
Nasci para a vida e pela primeira vez respirei,
adquiri o esplendor da visão,
orientado pela escuta, num obrigado proferido
pelo um choro de satisfação.
Infância divertida com brincadeiras de encantar,
de calça rompida e de nariz por assoar,
lá ia brincando mesmo em noites de luar.
Mãos sujas de terra, que em poças de água lavava,
o sol no ar sorria e entre os canaviais parecia brilhar mais…
Com nada me preocupava.
Na bola chutava a alegria de viver,
pelos campos corri e ás árvores subi,
para assim poder ver, a imensidão de vida
que ainda tinha a percorrer.
No meu triciclo peguei e com a máxima força pedalei,
até ao infinito chegar,
entrando em casa esgotado e em minha cama descansei.
Sem conta eram os sonhos que tinha por realizar,
eram sonhos de menino, em que me via a voar,
com um sorriso de alegria tentando não acordar.
Despertava bem cedo e as asas queria ver,
com o intuito de mostrar a todo mundo e dizer…
Olhem, consigo voar!... conseguem ver?...
E os amigos?... esses nem falar!...
certo era também quererem voar.
Na escola entrei, estudei e aprendi a contar,
á adolescência cheguei e outros terrenos pisei,
sem um olhar para traz, em maus caminhos fui dar.
Ensinado fui, só para o bem fazer, protegido por progenitores,
que me chamavam á razão, de não cair na tentação
de precipícios descer.
Já adulto, teimoso quis ser ao descer e por lá quis ficar,
a tudo e todos desobedecer, era o lema a usar.
Contudo aprendi e reconheci,
todo o mal que fiz e melhor comigo fiquei,
permanecendo então afortunado,
quando um grande amor encontrei
e com ele casei… sentindo-me honrado.
Três frutos brotaram, dessa bela união,
foi a ostentação de alegria
que quase arrebentou meu coração.
Hoje sou divorciado, filhos casados.
Feliz e contente e por isso relato
o que se passou nesta história de vida,
nem sempre bem vivida,
mas em algo me ajudou para me tornar quem sou.