Lambanças do Tempo
O tempo urge
Lambanceiro como
Só ele sabe ser,
Aos meus ouvidos ruge.
Avisa, dedura, é arguto
E eu o trato com desdém.
Nesse ir e vir
Muitas vezes me desconheci
Em outras me identifiquei
Para depois perceber que,
Às avessas,
Não posso mais protelar.
Pendurada numa aresta do tempo
Luto para me manter
E não afundar.
Me jogo, esperneio,
Nado a seco,
Nesta árdua tarefa
De tentar me ater...
Ao que importa
Sem cair na mesmice
Do malsinar
Escolhi conviver com ele
De mãos dadas.
Mesmo fazendo lambanças
Sem me consultar
Prefiro continuarmos de braços dados
Não o largo ao Deus dará.