O QUE É A VIDA?

 

 

A vida é um ponto.

Nada é tão existencial e universal quanto esse ponto de partida.  

Ele é o gerador de um conjunto maior de pontos em todos os corpos, celestes ou terrestres.

Assim entendido, um grupamento de palavras

- sucessão de pontos, seja qual for a sua dimensão -

somente será compreendido como frase completa se contiver um ponto identificador.

Ponto identificador indispensável para delinear a transmissão de uma ideia.

Ponto identificador essencial para distinguir uma frase das outras frases contidas no mesmo texto. 

Pode, a frase, mover-se, crescer, desenvolver musculatura própria e oferecer mais clareza, beleza e sutileza à ideia original, porém somente um ponto, após sua construção, mante-la-á viva. 

Enquanto geradoras de ideias, frases ou orações, no texto, vêm separadas pelo impositivo

ponto parágrafo.

Quer dizer: 

os pontos parágrafos distinguem as ideias (correlatas entre si), as frases e as orações, até, quando necessário, mudando-as de linha, de humor,  de tom...

Uma pequena diferença é que a frase poderá vir carregada de um certo estado emocional (entonação descendente), situação em que o ponto toma o nome e forma de

ponto de exclamação (!).

Ainda, se no lugar da emoção surgir uma dúvida, o tom se eleva (entonação ascendente) e o ponto se afigura como

ponto de interrogação (?).

Conclui-se, daí, que a pontuação dá vida à frase e mais sentido à ideia, além de permitir melhor compreensão do texto.

Que tal

- agora que falamos de emoção, de sentimento  e de mudança -,

equipararmos a estrutura da frase à de um ser humano?!

Sabemos que ele foi um ponto, um pingo de semente amorfa na sua origem.

Cresceu, se desenvolveu, nasceu, se criou e tomou forma.

Aprendeu e ensinou; expressou sentimentos de dúvida e exclamou;  transmitiu ideias e ideais; amou e   se embelezou;  e

- mau ou bom reprodutor -

imitou seus pais e procriou.

Claro que ele sentiu necessidade de se inter-relacionar com os seus semelhantes, expandir suas ideias e assimilar e/ou agregar às suas a ideia alheia mais interessante. 

Portanto, fez parelha principalmente com os que tivessem ideias compatíveis com as suas. 

Daí:  sua ação/reação e afeição/oposição; a concordância/discordância; a comunicação/ruídos... 

Aí, desse desejo de comparação e de superação, nasceu o seu grande e mais salutar invento: 

o ponto de encontro.

Assim como a vida, assim como os corpos que têm vida, os pontos também têm forma civilizada ou escandalosa de se encontrar, conforme o ponto de vista.

Para satisfazer o seu desejo de ser o duplo do outro, os pontos também buscam a liberdade erótica da sobreposição em forma de coito (:).

Em seguida a esses

dois pontos,

vêm à luz novas frases, que se vão separando indefinidamente por um

ponto e vírgula.  

De tão ligadas à frase mãe, deveriam ser chamadas de frases filhotas!

Filhotes e filhotes são gerados, mas o autor do texto os suprime com anticoncepcionais, que são nada mais do que aqueles três pontinhos apelidados de

reticências (...).

Ontológica ou gramaticalmente, conforme quisermos demonstrar, o ser humano tem a mesma estrutura de uma frase que ele tenta construir no digita/deleta de todo o seu existir.

Quando a frase da vida

- construída desde um imperceptível ponto de partida -

estiver completa, sob a concepção do Ser íntegro ou do tecer gramatical, nada mais a fazer.

PONTO FINAL.

 

(fernandoafreire)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 13/05/2023
Reeditado em 11/06/2023
Código do texto: T7786902
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