Abraço, poesia

Quando me abri para a poesia não esperava tamanho acolhimento, continuo me surpreendendo.

Já não sei mais sobre o que escrever, talvez eu já tenha dito tanto ao mundo que não consigo mais dizer nada, meus pulmões estão cheios e os sinto vazios.

Me abraço às metáforas que ainda permanecem intocadas, tudo aquilo que não é dito todos os dias me segura numa loucura entre a transparência e a necessidade da boa vista, para o outro.

Outro que me escuta, me vê.

O medo irracional de atravessar a avenida da vulnerabilidade sempre me paralisou, me fez fraca, a ilusão da autossuficiência, confundida com autonomia, me trouxe até aqui.

Ao menos minha poesia pode ser confusa, mas a minha confusão nem sempre pode ser poética.

Eu não sei como é viver por mais ninguém além de mim, mas eu imagino que seja tão difícil quanto, não é possível que minhas loucuras internas sejam só minhas e, ainda assim, como dizer as primeiras palavras?

Parece que fiz muito, mas nada fiz, meu eu passado ainda cobra tudo o que fingiu ser apagado da memória e o meu interior vive encharcado de palavras.

Vivo transbordando o que não é dito.

Brenda Nascimento
Enviado por Brenda Nascimento em 11/05/2023
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