Eu sinto muito.
Privada, brevemente, de forma tão sutil
Perversamente moldada por mãos apressadas
Que buscavam estancar a sangria
Do que seria inevitável.
Um estorvo, de forma tão primitiva
Cascateando nas suturas da mente, infértil,
Assim como toda sua composição.
Se fosse plena, bastaria
Mas a concepção de plenitude não existia
Juntamente com muitas outras coisas
Que antes deveriam vir.
Eu vejo por seus olhos.
Eu sinto seu vazio, a privação dos sentidos
O peso de não ter uma segunda chance
E ver a sua primeira, diariamente, conduzida
Sem lamber as próprias feridas
Por não conseguir alcança-las.
Eu sinto muito. De verdade.
Esperaria que um Deus provido de infinita bondade
Não submetesse ninguém a este tipo de tortura.