Dores
Lá fora ouço sorrisos,
Aqui dentro o desespero.
Choro em silêncio,
Seguro soluços,
Lágrimas molham o travesseiro.
O medo invade,
É forte e intenso,
Insegurança,
Herança eterna,
Do infortúnio desemprego.
E se amanhã algo faltar?
Não conseguir o sustento?
O orgulho vai ao chão,
Vaidade é ter ofício,
E esquecer nossos lamentos,
Ter as contas todas pagas,
A geladeira forrada,
E à mesa,
O fruto do seu extremo.
Sou o bicho urbano,
Filho da exploração capital,
Sou a caça,
A presa,
Meu suor,
Paga seu sal.
Sou o homem em frente a tela,
Que ainda não se refez,
Com síndrome de Gabriela,
Crenças de cravo e canela,
Torcendo pelo fim do mês.
Tudo é um eterno retorno,
Repete o que teu pai fez,
Está preso a grilhões,
Outra fila,
Aguardando sua vez.
Rogo a Deus pela coragem dos Pecadores,
Pois,
Acabam com suas dores,
Mesmo com, ou sem pudores,
Vêem que a vida não são flores,
Negociam seus valores,
Nada falta a seus amores,
Vive a vida,
Em suas cores.