Dores

Lá fora ouço sorrisos,

Aqui dentro o desespero.

Choro em silêncio,

Seguro soluços,

Lágrimas molham o travesseiro.

O medo invade,

É forte e intenso,

Insegurança,

Herança eterna,

Do infortúnio desemprego.

E se amanhã algo faltar?

Não conseguir o sustento?

O orgulho vai ao chão,

Vaidade é ter ofício,

E esquecer nossos lamentos,

Ter as contas todas pagas,

A geladeira forrada,

E à mesa,

O fruto do seu extremo.

Sou o bicho urbano,

Filho da exploração capital,

Sou a caça,

A presa,

Meu suor,

Paga seu sal.

Sou o homem em frente a tela,

Que ainda não se refez,

Com síndrome de Gabriela,

Crenças de cravo e canela,

Torcendo pelo fim do mês.

Tudo é um eterno retorno,

Repete o que teu pai fez,

Está preso a grilhões,

Outra fila,

Aguardando sua vez.

Rogo a Deus pela coragem dos Pecadores,

Pois,

Acabam com suas dores,

Mesmo com, ou sem pudores,

Vêem que a vida não são flores,

Negociam seus valores,

Nada falta a seus amores,

Vive a vida,

Em suas cores.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 07/05/2023
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