JANELA, PORTA PARA A POESIA

Sou amiga das palavras

Poeta, não das multidões

Sim dos interiores tristes

Ou felizes mas com flores

 

Da janela, observo o beija flor

Que pousa suavemente

No galho da goiabeira

Fita-me como admirador

 

Tolinho este beija flor

Tão rodeado de belezas

Nem sabe da sua grandeza

Talvez por isto, tenha tanta nobreza.

 

Eu ali, alinhavo, letra por letra

Permaneço a observar.

Preciso como poeta

Fartar-me de silêncio

 

Da janela

Vejo só poesia.

Uma tela viva.

Poeta, não das multidões.

 

Sou a gota do suor,

Da lágrima ou da chuva

Que caem juntas, mas

Adormecem separadas.

 

A porta da poesia é a minha janela,

Que se revela em versos

Com ou sem rima

Mas sempre ternos

 

A natureza tem uma poesia terna.

Feliz é ela!