Rugas no rosto
Teve uma vida de constantes lutas
se casou e teve filhos
e, por toda a sua vida
no campo trabalhou
e não estudou,
nem tão pouco conseguiu comprar
uma pequena propriedade
para descentemente na realidade
poder feliz com a sua família viver.
Hoje aos sessenta anos sobrevive
num barraco pequenino alugado
com o minguado salário mínimo
que recebe por quase cinquenta anos de trabalho,
porque começou no campo trabalhar
com a sua mãe, irmãos e o padrasto
com a idade de dez anos, de fato,
perdendo portanto toda a sua juventude
e, por não ter estudado
cedo foi mãe e teve treze filhos
dos quais oito sobreviveram
à essa triste realidade
ainda existente no Nordeste brasileiro
qual, precisa urgentemente ser mudada
para, assim, essas profundas marcas
de uma existência absurda
possa realmente desaparecer
e, assim não mais se ver
rugas no rosto das legítimas trabalhadoras
devido o sol e o sofrimento carrasco
por causa da vida bruta que viveu,
quando poderíamos ter um diferente quadro
sem essas injustiças, é claro.