Rugas no rosto

Teve uma vida de constantes lutas

se casou e teve filhos

e, por toda a sua vida

no campo trabalhou

e não estudou,

nem tão pouco conseguiu comprar

uma pequena propriedade

para descentemente na realidade

poder feliz com a sua família viver.

Hoje aos sessenta anos sobrevive

num barraco pequenino alugado

com o minguado salário mínimo

que recebe por quase cinquenta anos de trabalho,

porque começou no campo trabalhar

com a sua mãe, irmãos e o padrasto

com a idade de dez anos, de fato,

perdendo portanto toda a sua juventude

e, por não ter estudado

cedo foi mãe e teve treze filhos

dos quais oito sobreviveram

à essa triste realidade

ainda existente no Nordeste brasileiro

qual, precisa urgentemente ser mudada

para, assim, essas profundas marcas

de uma existência absurda

possa realmente desaparecer

e, assim não mais se ver

rugas no rosto das legítimas trabalhadoras

devido o sol e o sofrimento carrasco

por causa da vida bruta que viveu,

quando poderíamos ter um diferente quadro

sem essas injustiças, é claro.

Silvio Parise
Enviado por Silvio Parise em 21/04/2023
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