Medo
Medo
Adair André da Silva
Tenho medo do que o homem prepara
E que não tarda chegar
Parece chegar mais cedo
Do que possa imaginar
Pois o homem se destrói
Sem com a vida importar.
Tenho medo de ter braços
E não ter como abraçar
Ter dois pulmões vivos
Sem ter ar pra respirar.
Tenho medo de ter terra
E não ter semente pra plantar
Se plantar faltar a chuva
Pra semente germinar
E o sol ressecando a terra
E as fonte não brotar
Ou ter água que no riacho corre
Mas não poder dela tomar.
Tenho medo de ter olhos
E não poder enxergar
Ter ouvidos atentos
E ser proibido de escutar
Ter famimtos pelas ruas
E não poder partilhar.
Medo de um coração que pulsa
Sem saber o que é amor
Da bondade de gente boa
Que dissemina o pavor
Ter uma voz que canta
Sem saber cantarolar
Ter poesias sem rimas
Músicas sem melodia
Caminheiros que não caminha
Por falta de direção e guia.
Tenho medo de anoitecer
Antes que chegue o meio dia
Não ter estrelas no céu
Nem a lua que alumia.
Tenho medo de não ter medo
E o medo me matar
Por de medo não fazer nada
Para o medo eliminar.
Medo de quem não tem medo
E continua acreditar
Que só o ter salva o mundo
E o mundo não salvar.