Pilha de corpos
Escondo-me sob uma montanha
De carne para fugir do lado
De fora do mundo
Cubro meu brilho
Dos olhos das pessoas
Por trás do brilho
Das outras pessoas
Deixo elas se arranharem
Crescerem, ficarem robustos
E fico seguro em meu canto
Minha pele atrofiada, íntegra
Branca igual virgem trigo
Fraca e insuficiente
Sinto-me morto
Atolado por corpos
Recipientes de vidas
Que não são a minha
Enquanto minha própria
Permanece anônima
Escondida e enterrada
Um dia, abri minha caixa torácica
Vi o quão brilhante era
O meu órgão vermelho
Quis compartilhar ele com o mundo
E me fazer presente
Após meu primeiro passo
Senti vários anzóis agarrando minha pele
Cada um deles puxava para alguma direção diferente
Tentei puxá-los de volta
Porém, quando fazia isso, sua força apenas crescia
Decidi ficar parado, sem me esforçar
Deixei eles me puxarem o máximo que podiam
Até eles se desprenderem da minha pele
Prometi que iria me fazer presente
E me fiz presente