Pilha de corpos

Escondo-me sob uma montanha

De carne para fugir do lado

De fora do mundo

Cubro meu brilho

Dos olhos das pessoas

Por trás do brilho

Das outras pessoas

Deixo elas se arranharem

Crescerem, ficarem robustos

E fico seguro em meu canto

Minha pele atrofiada, íntegra

Branca igual virgem trigo

Fraca e insuficiente

Sinto-me morto

Atolado por corpos

Recipientes de vidas

Que não são a minha

Enquanto minha própria

Permanece anônima

Escondida e enterrada

Um dia, abri minha caixa torácica

Vi o quão brilhante era

O meu órgão vermelho

Quis compartilhar ele com o mundo

E me fazer presente

Após meu primeiro passo

Senti vários anzóis agarrando minha pele

Cada um deles puxava para alguma direção diferente

Tentei puxá-los de volta

Porém, quando fazia isso, sua força apenas crescia

Decidi ficar parado, sem me esforçar

Deixei eles me puxarem o máximo que podiam

Até eles se desprenderem da minha pele

Prometi que iria me fazer presente

E me fiz presente

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 12/04/2023
Código do texto: T7761785
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