Coisa de gente grande!
Eu quero a grandeza das coisas
Encontrar-me nas profundezas de um amplexo,
Ou no fôlego curto e silencioso das bocas próximas.
Quero ver-me no cristalino, de costas, partindo,
Adentrando mais, invadindo seu espaço interno.
Quero a grandeza de falar sem palavras,
De entregar-me à sorte, de ser vencida,
Derrotada, de estar ao solo,
De saber, somente saber, sem provas.
Quero a grandeza de respirar
Tão ampla e profundamente
Para sentir as olências do mundo.
Quero a grandeza das importâncias,
Do valor que as coisas têm,
Do tempo de ida e da ida sem volta,
De nunca, nunca desistir da jornada.
Eu quero a grandeza de ver além
De toda muralha de ego que embola,
Ou das reminiscências de outros tempos
Que não sei, ou que não me lembro.
Quero a maior de todas as grandezas,
A das insignificâncias, das inocências,
A grandeza de não saber.
De mastigar as coisas com as unhas
Ou de rasgar com os dentes
Esfolando as vaidades,
Esmaecendo a desfaçatez.
Um dia, hei de ser grande,
Do tamanho de um átomo,
E, sendo a menor porção,
Manterei minha identidade.
Coisa de gente grande!