Absinto

Vida dessa gente,

É tão chata,

Parece não ter desafio,

Não moram embaixo de ponte,

Nem na cabeceira de rio.

Se juntam em pombal,

Com sacada,

Preenchem com móveis,

O vazio,

Poupam dinheiro pra nada,

Se privam de qualquer imprevisto.

Os meus pés descalços me levam,

Em lugares que não foram vistos,

Eu durmo na rua,

Ao relento,

Caminho,

Pois sou andarilho.

A minha parada é curta,

Sou dono do meu próprio destino,

Dinheiro não tenho,

Nem peço,

De poesia,

Mal sobrevivo.

Me banho em beira de rio,

Eu como,

O que é servido,

Me visto de restos,

Farrapos,

Carrego histórias,

Comigo.

Deus lá do céu me abençoa,

Meu teto de estrelas,

É altíssimo,

Repouso em meio ao mato,

E meu perfume,

Absinto.

Dificuldades?

Não nego,

É o preço de estar livre,

Quando acabar o caminho,

Aí é Deus quem decide.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 02/04/2023
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