Hei de trancar-me em silêncio na gaveta do móvel de cabeceira.
Por fora a chave, travada, engolirei pra digestão.
Não mais me abrirei. Nunca. Eis a recomendação.
Meu 'eu' por razão, cala-se só.
Sem direito ao debate, argumento, ou qualquer quadro em protesto.
De resto, só me cabe a pintura da simbiótica emoção.
Ela sim me liberta, dando-me derradeiro presente como um vício-de-vinho.
Um vício que cura sem anestesia.
Ao toque sutil duma varinha mágica de condão - embriagado -
bate-me independência em fantasiosa leitura de uma poesia avessa.
Por gratidão, confesso, regalei-lhe minhas gravatas.
Azuis-coloridas, perfumadas, sem nós.
Óh, sincera poesia travessa,
vista-se na maquiagem duma vida sem morte.
De nós - transversa sorte - pinta-se viagem em rumo norte.
Desde já buscarei cálices pra brindes festivos.
Tenacidade em corpos vestidos.
Ah, depois das gravatas ao corpo adornadas,
dispa-se, vício-do-vinho,
desavergonhe a certeza, na estrofe ideal que mais lhe conforte.
'Eh Oh' (Dr. Silvana e Cia)
https://www.youtube.com/watch?v=x7OwtVGOR1c
'Escapulário' (Caetano Veloso)
https://www.youtube.com/watch?v=jAtW9Tf1ySc
'Sutilmente' (Skank)