A Liberdade Perante o Mergulho no Abismo
Não são os coaches,
Não são os livros religiosos,
Nem os psicólogos, muito menos os padres,
Nada e nem ninguém explica com exatidão
Tudo que compõe a vida incerta.
Sem bússola,
Sem usual mapa,
Sem dogmas,
Vou em direção errática
Ao encontro do planalto do desconforto,
Ao espancamento da dor.
No peito grandes distâncias percorridas
E um baú que guarda indizíveis falhas.
Mas mergulhando no abismo
De todos os lugares que habitei,
Todos os infernos que vi travestidos de paraísos,
No epicentro de tempestades,
A dor foi temporal que adubou novos jardins.
Resisti às falhas,
Suportei os fracassos,
Superei os limites impostos,
Aguentei o que era vulnerável,
Reergui após várias quedas,
Jorrei adversidades
Que forjaram o viver além de mim.
Mesmo sabendo que viver quase todos os dias cansa,
Nessa sentença genética imposta pela natureza,
Para alcançar a liberdade é preciso força.
Porque neste estranho sonho, insônia sem fim
A que chamam realidade,
É necessário determinação
Para elevar o espírito
Além do crime e castigo,
Além das certezas e censuras,
Além dos horizontes pintados
No maniqueísmo do bem e do mal.
Reavaliar, duvidar sobre o que é
O correto e o errado,
Os direitos e os fardos dos afazeres.
Suportar
As escolhas e suas consequências,
Criticar as verdades banais,
Observar
A virtude acompanhada do fel dos vícios.
Permitir ver a existência
Através de óculos que
Mostrem imagens no reaprender
De valores e práticas
Neste planeta que imola diariamente
Vidas humanas.
Diante das contingências que são
Pedras impostas pelos homens ao redor,
Naquilo que fizeram de mim
Nos muros coletivos
Que insistem em me prender,
Desenvolver o hábito
De destruir grilhões,
Criar valores, cosmovisões,
Lutar contra opressores
E se aliar aos que tem fome de vida.
Está condenado a ser livre
No buscar de uma vida autentica,
Forjando atitudes
No tedioso pendulo composto
De escolhas e consequências.