Que continue sua viagem por entre as estrelas.
A felicidade do voo é o que todos buscamos.
Alguns desprendem os pés do chão, asas silentes,
e partem em sua longa e eterna jornada de buscas e procuras.
E assim seguem, como o vento, plantando sementes,
mas sem se fixar em uma flor ou sem mesmo saber
que a semente plantada germinou e deu frutos e deu flor.
Outros são a própria semente plantada pelo vento.
Germinaram, deram flores, frutos
e hoje vivem a dor da saudade de um vento
que as carregou em suas asas por um tempo
e depois as jogou ao chão.
Também tem aquelas que, plantadas,
estendem seus braços em todas as direções,
buscando encontrar a brisa, sentir seu toque, sentir seu abraço...
entregando ao seu redor o perfume e a fragrância de suas pétalas em flor
ou a cor e a saudade de suas folhas que,
para estarem com quem amam, se desprendem de suas raízes,
de seu mundo, e se deixam levar pela brisa... em seu eterno outonar...
Para alguns, como eu, já está destinado pelo Sol e as outras estrelas
que o mundo é e sempre será esse eterno outono...
Uma eterna condenação, um eterno destino
imposto por quem conhece os meandros
da primeira página da vida que há tempos findou seus painéis
e jogou fora as chaves de suas portas e janelas.
Assim, a semente nasce da folha seca hoje,
faz-se flor, asas de colibri à brisa que viaja -
assim como o poeta que procura e busca
sendo tantos personagens -
mas cai, ainda hoje, folha seca, presa ao chão...
Não sabe o poeta que o tempo não para,
mas que a vida da folha pode parar no relógio do tempo agora!
Nem sabe que, para os olhos que deveriam ler as palavras não ditas,
o amanhã pode ser tarde demais...
E assim, as palavras se fazem eternas (e talvez isso seja o mais importante)
os sonhos também se eternizarão
(e talvez isso já seja o destino programado
- serão sempre sonhos, jamais irão se realizar),
mas a flor cai, a folha cai e o vento continua sua jornada
em busca de uma pétala que se deixe levar por suas brisas
e o amor não será experienciado enquanto um coração
o outro - alma gêmea -, definitivamente, encontrar...
E cai a semente ao chão...
e cai a folha...
E o vento passa, levanta suas asas melaças...
e segue o vento o seu caminho...
parte em busca de novas aventuras...
de novas ondas e pétalas de flores para dropar...
vai em busca de uma nova viagem,
enquanto a folha melaça dança -
para o encanto do próprio vento e à sua melodia -
a música do amor, da alma que sonha a eterna canção,
e ela dança... e dança com a música do sol,
com a suas próprias palavras, só e seca, presa ao chão...
E a dança da folha...
que baila ao sopro do vento que já passou
transforma a lágrima da dor de sua morte em Poesia,
para alegrar a alma e o coração do Poeta!