CANTIGA DO LUGAR NENHUM (ODE A IRACEMA)

(Para Martim e Iracema)

Diante da noite o espanto

As névoas clareiam o breu do espaço

Que nem precisava de luz

O caminhante anda às cegas

Sem medo do abismo grande

Sem pensar em retorno

Gracena cantava

Entoava seu canto mudo de jandaia falante

E o trinado fez desfolhar as árvores

E parir seus brotos

Feito restolho de galho morto

Diante da noite o espanto

E o assalto, fulgor dos dias brancos

Diante da noite o encanto

Gracena chora por não saber nascer feito lua

E do filho novo que deixará no mundo

Diante dela a noite se espantou

Por Gracena e seu canto que nunca existiu

Mas que assombra feito gente no escuro fingindo que é bicho

Gracena canta seu mel, doce encanto

E chora um pranto que nunca molhou sua face

Mas que serenou em águas de copioso pranto

2403232146

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 25/03/2023
Reeditado em 31/10/2024
Código do texto: T7748214
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.