O Dono da Campina.
Quando a gente ouve a voz do nada
Que parece que ela vem no vento
Justa e perfeita
E que é, às vezes, incisiva
Imperativa
Te dizendo coisas
Acerca de conquistas
Sobre aproveitar seu tempo
Palavra que te curva
Que te frustra
e turva a vista
Que é bobagem ouvir a voz do coração
Que é preciso batalhar pra ser feliz
Uma busca que te encharca em solidão e medo
E segredo e mentira
E mais outra mentira pra guardar
Manter segredo e te afastar
Do medo que te cerca o tempo todo
E te embriaga e traga e que te cuspa
Mais uma inverdade, outra desculpa
Até que a vida o diga, um dia ela diz
Coisa que você sabia o tempo todo:
Havia ali duas vozes
Você simplesmente escolhe a voz que quis
O tempo é um campo no qual se semeia
Não existe solução mais justa
Nem há visão mais perfeita
Que a sua
Onde, em cada segundo
Éramos todos, simples meeiros
Prestando contas
Sobre cultivo e colheita
Dividido em dois e não em quatro
Que era Deus, o dono da campina
O tempo inteiro, o tempo todo.
Cerra-se em lodo, o teatro
Fecham-se as cortinas.
Edson Ricardo Paiva.