Anotações do Corpo Humano (Louvação ao Creador)

SNC

Belo encéfalo da gente

Ao louvor da poesia

À tua excelente serventia

De CPU mais que potente.

Circulatório

Exporte a paz - fundamental

Que nutra as células de vida

Em proporção - distribuída

A aorta é uma mãe arterial.

A que o espetáculo ocorra

O de viver pelo suporte

D’ oxigênio em transporte

No sangue antes que se morra.

Na hematose o saldo harmônico

Ganho de rubro arterial

Permuta ao ciclo ultravital

Na veia portando gás carbônico.

Mesmo um trajeto desigual...

Que haja um bem nessa exceção

Porque a veia ao coração

Destina o sangue arterial!

Visto que ao seio alveolar

O cê ó dois sendo enviado

Do miocárdio originado

Vai pela artéria pulmonar.

Sistema (seja-lhe simpático

(Matusalém quer mais idade

(Se há anticorpos a morbidade

(Cai na batalha ante o) linfático.

E deixe tudo bem limpinho

Saudável enxuta a paisagem

Se em demasia a drenagem

Livra dos fluidos o caminho.

Belos fenômenos sem par

No teu íntimo ocorridos

Ácidos graxos absorvidos

Serão gordura a circular...

Digestório

Não existe a outra condição

A que haja vida e seja um nome

Melhor a guerra a ter-se fome

Na língua e estômago sem pão.

Endócrino

Só na versão bem feminina

Por que a alegria se produza

Oh em Ipanema com a musa

Traz seu balanço a ocitocina.

Tegumentar

Nossa pele a alma aquece

O veludo no carinho

Corpo em outro grudadinho

O aconchego a seda tece.

Respiratório

Viver ainda vale a pena

Basta haver um só pulmão

Inspire o amor (dê a condição):

O gás que ao sonho oxigena.

Audição

Soa doce bem baixinho

São momentos de prazer

Oh que mimo ouvir dizer

“Eu o amo, viu, Benzinho”

Visão

A verdade singular

Sem disfarce luminosa

Dita assim maravilhosa

Basta o teu no meu olhar.

Olfação

À natureza foi tomada

Para a mulher denominá-la

Seu bem: essência que se exala

De Rosa a rosa perfumada.

Ossos

Seja um motivo de ufania

A branco albino índio preto

Sustenta à carne o esqueleto

A veste que ele perde um dia…

Coração

Nicho para o ideal

Onde mora o sentimento

Causa a todo movimento

De conduta fraternal.

Mamas

O alimento mais perfeito

Para vós melhor não há

Vossa mãe que vo-lo dá

É del hijo a vida o peito.

Rins

São feijões não vegetais

Têm ao sangue a serventia

Filtram e limpam e todo dia

Os seus glomérulos renais.

Baço

É nobre a sua serventia

Renegá-la é ledo engano

Tributa-o a honra o corpo humano

Por sua engenhosa economia.

Destrói a velha e lhe retira

Reusa o ferro o manipula

Na hemácia nova que circula

Sucede a viva à que expira.

Colons

Essa moldura no abdômen

Sem nada que lhe cause mal

Macrobiota intestinal

A higidez tem esse homem.

Pois que no ceco se inicia

O trajeto segue em norma

Do resíduo que se forma

Pelo que entra todo dia

Abacate um pão quentinho

Mais a cocada-da-Baía

Deglutidos com alegria

Farão o barro no caminho

Para ser jogado fora

No percurso quê lonjura!

Entre acidentes, flexuras

(Más) bactérias vão-se embora.

Coliformes com o dejeto

De humanos na igualdade

Em silêncio e em soledade

Enfezamento até que o reto…

Pelo anel lhe dê passagem

A seu produto inusitado

Feliz em riso libertado

Do laxante ou da lavagem.

Fígado

É o soldado combatente

Dando à vida a proteção

Suas funções ó caro irmão

Uma que falte é vida ausente.

Pâncreas

O seu produto elaborado

É passo certo e decisivo

Em meio ao suco digestivo

As suas enzimas no delgado

Garantem o aproveitamento

Do que no esôfago passou

E ao duodeno destinou

As muitas formas de alimento.

Quão bela química ocorrida

Para uma nova construção

São carne açúcar óleo feijão

Matéria bruta fornecida.

Que uma dinâmica renova

Graças ao bom metabolismo

Desfaz… refaz no anabolismo

Do macro o quilo a vida inova…

Tristeza vem de sua carência

Sem ser possível conjurar

O mal do mal de não provar

O doce e a banha da existência.

Que o glucagon e a insulina

São os avalistas do prazer

Este que existe em comer

Sem prescrição de sacarina.

(N)a palma da mão

Mão rugosa. Soma calos,

Preço da dignidade,

Paz é uma propriedade

Que se compra com trabalho.

Mão de mãe, de pai, de filho,

Mão de avós, de genro, nora,

De família ao sol que cora,

Quem semeia e colhe (o) milho.

Livro aberto que historia,

Todo o dia é lauda escrita,

Dor, orgasmo, luz, desdita

A mão nega ou denuncia.

O destino vem zerado,

Cabe às mãos lhe construir,

No presente outro porvir,

Sempre há mel no Bem plantado.

Biotipos

Ereto, civilizado,

Patrocínio de seus pés,

No sucesso, no revés,

Passo a passo conquistado.

Para o corpo o seu suporte

Desse bípede senhor,

Sob a estrela o viajor,

A seguir em rumo norte.

Pés que bailam, dançarina,

Pés que sambam de baiana,

Pés de roça nordestina,

Pés de miss, moda e fama.

Pés do alívio anti-estresse,

Pés do gênio brasileiro

Gol do chute do artilheiro

A torcida que merece.

Pés do agrado visual

Qual fetiche – impressão

Mexe com a imaginação

Seu design espacial.

Pés sinistros a todo gás,

Numa fuga em revelia

Sob alarme à luz do dia

Pés do mal de Satanás.

Pés ao trono da eleição

Lava-os unta-os Madalena

A seu mestre o faz serena

Perfumada gratidão.

Reprodução

Ara o amor e faz a cova

Uma leira de esperança

Ao que o falo altivo lança

Ensementa uma alma nova.

A vagina em seu mister

De conduto necessário

Para o útero sacrário

Que se aninhe um novo ser.

Tonus

Rei Pelé pôs-se a brincar

Mais a moleca gorduchinha

Com ginga… arte… maestria

E a força plena muscular.

Peristaltismo

É um princípio universal

Que nos iguala na privada

Humanidade humanizada

Por um esfíncter anal.

Um tema… quê fedido e forte!

Que em riso sádico o micróbio

Com a bactéria em seu velório

Do rei se fartam em sua morte.

A esses operários sérios

Não se acuse por desdita

A mangueira mais bonita

Faz-se mãe nos cemitérios.

E quem do corpo se assenhora

É emprestado - impermanente

Que a morte toma fatalmente

No vencimento sem penhora.

Que relação haver se possa

Em temas que jamais se gosta

Que é referir a morte a bosta

E ao ignorante soar troça!?

Esclarecer-nos vem a lume:

Jamais à vida a carne tomba

Nossa vontade, a morte zomba

O orgulho em fezes se resume.

Anexos

A lua desfez o espanto

Que a inveja ocultou do afago

Se a noite dá-lhes o manto

Aos seios reflete o lago.

Para os olhos se destina

Em silêncio reverente

A beleza transcendente

De uma cadeira feminina.

Seraphim
Enviado por Seraphim em 22/03/2023
Código do texto: T7746313
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