A Estrada e a Neblina..

Antes eu jurei

Jurei por nada

Fiquei ali, pensando assim comigo

Que, durante essa jornada

As coisas acontecem como devem ser

Jurei pra mim primeiro

Jurei pra mim por mim

Que ia provar

Provar que, se a verdade surge

A jornada, então, terá chegado ao fim

Assim vou caminhando

Pela estrada e a neblina

Quantas vezes, ao voltar do inferno

Trouxe somente um olhar de ternura

E em nenhum lugar onde passei

Eu quis deixar lembranças

Que fossem mais profundas

Que minhas próprias pegadas

Como quem caminha pela areia

E tem atrelado aos seus pés

O compasso das ondas

Pra que cada passo que eu deixei fosse apagado

Depois eu jurei

Jurei por tudo que havia de menos sagrado

Pelo vento, que me trouxe uma canção

Que não chega a ser de amor

e nem profana

Era apenas um poema

Em frases pequenas e palavras simples

Simples como o coração

de gente que o tempo ensinou

De tropeço, queda e caminhada

Peças que se agrupam

A neblina se dissipa

Há brisa na janela e cheiro de jasmim

Penso que, se eu fosse a vida, me pediria desculpas

Por ter-se ocupado tanto assim de mim

Apesar de ser só uma

Me deixasse viver, quisera tanto tê-la vivido

Emborquei pela vereda errada

Fui tragado pela bruma

Vida, por que me renegas?

A neblina se faz noite, o céu desaba

Meu olhar, de olhar, se entrega.

Edson Ricardo Paiva.