O meu milagre

 

Ouço os sons que se tornam significados

em sua total dimensionalidade.

São ondulações do vento

que ainda se fazem sentir e me envolvem,

me vestem o corpo no encrudescer das estações.

Fui folha morta. Tombei ao tempo.

Escorri pelo ar em dor e agonia

e as ondas me jogaram escorrer

no costado de um lugar

que me serviu de encosto

aos olhos cansados e sofridos de viver.

A morte é escuridão, luz e paz.

Para ela caminhei, no entanto,

quis a mola da vida

que ficasse mais um pouco

no trinado do universo.

Sim, toquei as estrelas com a mão e voltei.

Foi o meu milagre.

 

Poema e foto: