A SAGA DE STANLEY 7/8
A SAGA DE STANLEY VII – 29 ago 2022
Foi o noticiário da derrota de seu imperador,
o Négus Theodoros, com um golpe de sorte,
que o novel cabo telegráfico submarino
foi deslocado por terremoto destruidor,
entre Alexandria e Malta, cujo corte
impediu de seus rivais igual destino.
Antes do rádio e da televisão,
O jornal dominava toda a comunicação.
Os concorrentes de seu periódico,
o New York Herald, a notícia contestaram,
porque dos seus nada haviam recebido,
mas tão logo o cabo recebeu um conserto módico,
outros relatos meio truncados lhes chegaram
e Stanley viu-se então reconhecido;
naturalmente, seu jornal lucrou bastante
e como correspondente tornou-se dominante.
Foi enviado a cobrir segunda guerra,
travada então entre os gregos e a Turquia:
mandou de Atenas os seus comunicados,
depois da Ilha de Rhodes e, já em terra,
de Smyrna novas notícias transmitia,
de Beirute e Alexandria enviou novos recados
e depois, tendo aos Estados Unidos retornado,
foi pelo editor, Gordon Bennett, convocado.
Este o incumbiu de solver o mistério
do paradeiro de Livingston, que então
fazia manchetes em todas as capitais;
mas antes disso, fez excursão a sério
pelo Levante e até pelo Industão,
garantindo ao jornal novas sensacionais ,
que desta forma a viagem financiavam,
para solver o enigma por que tanto ansiavam.
Subiu o Rio Nilo até as cataratas,
descrevendo os legendários monumentos;
partiu depois para Jerusalém,
de lá, Istambul e durante longas datas,
foi à Crimeia, Odessa, Trebizonda e logo eventos
em Tiflis foi cobrir, Persépolis e ainda além,
algo da Índia depois de noticiar,
via Ilha Maurício, chegou a Zanzibar... (*)
(*) Sua vida serviu de inspiração para Dick Heldar, o personagem de
Rudyard Kipling em “A Luz que se Apagou”.
A SAGA DE STANLEY VIII – 30 ago 2022
Foi então, o que pareceria um loucura,
Gordon Bennett, que com “custe o que custar”
o autorizou para encontrar o desaparecido,
talvez já morto; em 1871, por teimosia pura,
uma expedição conseguiu organizar
com o numerário que havia recebido,
pois ninguém mais tão longe se aventurava,
mas superar cada percalço ele buscava.
Tinha trinta e sete guardas armados
e cento e cinquenta e três carregadores nativos,
mais vinte e sete animais de carga,
por dois cavalos também acompanhados
e três europeus como guardas mais ativos,
suprimentos e munição reunindo à larga
e materiais para troca e pagamento,
conforme o gosto de cada assentamento.
Levava fardos de lona e de algodão
e de miçangas uma grande variedade,
brancas, negras, coloridas e ovaladas,
qual lhe sugeriam as preferências da região,
mais fio de ferro em grande quantidade,
no interior coisas muito procuradas,
valendo mais do que seu peso em ouro,
para outras tribos pelegos de bom couro.
Dez horas a partir de Zanzibar
levou a travessia até o continente,
quando encetou a marcha trabalhosa,
pelo Lago Tanganyika a demandar,
em que Livingstone fora visto finalmente,
sem estradas ou sendas, a penosa
viagem pelos rios, matas e pantanais,
suas roupas sendo rasgadas por demais,
pelos acúleos aguçados de espinheiros,
da Acacia horrida os inflamados ferimentos
e os mosquitos em feroz atividade;
de fato Stanley contraiu malária desde os primeiros
dias de viagem, com acessos violentos,
vinte e três vezes a sofrer sua intensidade;
além dos insetos e das chuvas constante,
dos sobas locais os impostos exorbitantes!