O REPENSAR
Esse ser que habita em mim
Ainda não se conhece o suficiente.
Só o olhar do que abre permite-me
Concatenar meus sonhos em mente
E abrir os pedaços fragmentários de
Minha pele latina desbravadora.
Dentes mordiscam a carne
Que em meu interior latente
Goteja tamanhas gotas de sangue intenso
Onde o meu doer segue em frente
Na busca de céu por esse mundo imenso.
Fogem as estrelas, morre a luta
Estilhaça-me os dedos já cansados
E num tom quase engraçado
Cabe a inspiração, reina a labuta
Na concepção idônea do futuro.
Ventre é a jornada caminhada
Que me concebeu materialmente
O meu pesar na pele dilacerada
E feito os gritos de uma mãe valente
Trouxe-me fluído ao realismo poético.
Rompe-se a represa que indistinta
Perfurou as paredes e transbordou
Cada milímetro do corpo já cambaleado
E dentre a suavidade da vida, queres que sinta,
No olhar de meu reflexo o ardor destemperado.
E nesse processo de conhecimento
Gera-se o frescor da novidade,
Contumaz resistente ao questionamento
De outras dúvidas a ambiguidade,
Que não morre a cada nova pergunta feita.