A LENDA DO HOMEM BOM

Voltou da padaria sem o pão,

deixou pra quem dormia na calçada,

vestiu o filho com roupa surrada,

decorada de remendos...

Mãos unidas contra o vento,

o mundo inteiro era o destino.

Ruas cheias, quanta gente,

e parece que ninguém vê ninguém,

um mundo desumanizado,

de gente cada vez mais sozinha.

Uma Igreja, portas abertas,

se ajoelham no altar,

o pai junta as mãos do filho,

lembra a ele que só precisa agradecer,

porque Deus ajuda a quem menos pede.

Na saída,

uma aquarela de mãos estendidas,

suplicando ser ali escolhidas,

pra receber das mãos de outro pobre,

uma esmola que lhe salve a vida,

nessa tela de sofrimento.

Bolso vazio, coração apertado,

pior que ser pobre,

é não poder ajudar outro.

O filho com a mão no bolso,

saca as poucas moedas,

guardadas para um picolé,

distribui aos "irmãos" sem nome,

sem receio da escolha feita.

Toda lenda tem "cheiro" de verdade,

e há lendas que se tornam histórias...

Tem aquela do homem bom,

e a do filho que se torna homem.

ANDRÉ L C MELO
Enviado por ANDRÉ L C MELO em 09/03/2023
Código do texto: T7736075
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