Naquele tempo...
Tinha uma profundidade rara em meu ser.
Um desconhecido que me impulsionava...
Será que era eu?
Ou outra dentro de mim?
Quem sou?
Sabes me dizer?
Sou uma sobrevivente de mim mesma.
De minhas tragédias interiores
em minhas próprias fibras,
formadoras de mim.
Às vezes me sinto forte.
Noutras, me calo
angustiada e pensativa
sobre o que tudo
pode ainda acontecer.
Me pergunto
se teremos pulso
para suportar e viver.
Com certeza, naquela época
de que me falas José,
as pessoas também se sentiam perdidas
e não sabiam para onde ir.
Tinham medo de sair
de dentro, de casa,
de dentro de si,
de dentro
de suas conchas e mundos,
por não conhecerem o desconhecido,
por não saberem o que havia por detrás
daquela bala de canhão,
daquela bomba
que feria os homens e a terra.
Naquele tempo, José...
Tinha uma profundidade rara
em meu ser.
Um desconhecido
que me impulsionava...
Será que era eu?
Ou outra dentro de mim?
Ainda sabes quem sou José?
Um raio de tempestade?
Um ciclone-bomba?
Um desastre
a beira de virar Mar?
A tempestade parece amainar.
Ao menos espero.
Que não seja o silêncio,
a paz e a calma
do olho do furacão...
É que...
Você sabe...
Tem uma profundidade rara
em meu ser.
Um desconhecido
que me impulsiona...
Que não seja o silêncio,
a paz e a calma
do olho do furacão...
Que seja o Sol,
a profundidade rara
em meu ser,
o desconhecido
que me impulsiona...