Por onde andas José?

Por onde anda o José?

me perguntam os pássaros do dia

que cantam sua música em meu jardim.

 

Que montanhas habita

e que flores seus olhos tocam

a cada manhã?

 

Que profundezas navegam

seus pensamentos

e que universos

perpassam seus sonhos

nas noites de lua nova e azul? 

 

Deixou a criança

que morava em você se acabar?

Ou continuas encastelado

no cume do mundo

observando, pela janela fechada,

as nuvens do céu passarem,

sem sonhar com as águas frescas

dos riachos da vila?

Ou com os córregos

dos subterrâneos,

do subsolo da vida?

 

Por onde andas José?

Deixou o sonho morrer

igual morrem as flores

sedentas do néctar do Sol,

sem asas de colibri?

 

Virou breu?

Quem deixou virar?

Os contrários da vez?

A vida contra

ou a vida à favor?

 

Morreu o teu sonho

de ter vida de amor?

 

Não é assim não José!

Não se nasce

com o futuro engatilhado

para a próxima dor.

 

Nascemos para viver -

me disse o Poeta -

de braços dados com a vida,

para glorificar o amor!

 

Por onde anda o José?

me perguntam os pássaros do dia

que cantam sua música em meu jardim.

 

Que montanhas habita

e que flores seus olhos tocam

a cada manhã?

 

Que profundezas navegam

seus pensamentos

e que universos

perpassam seus sonhos

nas noites de lua nova e azul?