Escravidão
Ela comia terra. Ingeria cada grão e saboreava o chão.
Diziam ser lombriga, aquela barriguinha estofada não enganava.
Ela não ligava, se alimentava do chão que pisava.
Já não podia se alimentar dos frutos da terra que lhe arrancaram, então comia o chão.
Pisava nas uvas, deixava escorrer urina pelas pernas e azedava o vinho.
Não trabalhava a terra, nem cozinhava para o patrão.
De dia, se espalha na escuridão à noite sonhava com libertação.
A louca escrava morreu sem voltar para o sertão.
Dizem...
Falam...
Narram...
Rezam.