3am

o mundo material não vale a pena

se eu pudesse eu viveria afundada dentro de mim mesma

a intensidade as vezes me causa problemas

do tipo muitos sinais pra poucas cabeças

do tipo quero ser compreendida mas falta destreza

do tipo ninguém pra conversar, só minha própria consciência

eu odeio me comparar, odeio mais ainda tentar me explicar

o que acontece dentro de mim, ninguém nunca conseguiu decifrar

o que eu tento expressar se torna apenas palavras soltas pelo ar

ninguém pra realmente interpretar

ninguém precisa saber, mas é solitária a jornada pra qualquer lugar

é solitário ser dona de um segredo que eu não posso contar

saber que eu sou a única com quem realmente posso contar

porque quando a imensidão me engole, só tem eu lá

isolada e perdida dentro de mim, vendo as luzes piscar

me equilibrando em uma linha tênue, vivenciando dois mundos

a cidade que brilha na madrugada e o infinito escuro e vazio

uma terra inexplorada

uma verdade não tão clara

uma vontade de não sei o que, que nunca passa

um elogio, um olhar no fundo da alma

que me intimida, me deixa sem graça

mas me tira risadas

mas me causa medo tipo andar em pedras descalça

tipo as incertezas de toda caminhada

eu não posso ser sua

é difícil de admitir, mas ainda estou machucada

e pra me curar, eu comecei uma jornada

que não tem sido fácil, são muitos altos e baixos

tentando encontrar uma resposta sem saber ao certo qual é a pergunta

eu to todo dia tentando melhorar

mas até eu acertar, eu só sei errar

to num processo pra (re)aprender a confiar

eu nunca soube me amar