Minha Felicidade

Ao longo dos séculos e milênios

em que vaguei sozinha

pelo céu de constelações e galáxias

nunca parei para ver o espinho cravado no peito,

nem o sangue a escorrer das veias,

manchando o chão das estrelas.

 

Não sentia mágoa ou rancor.

Nem sentia mais dor.

Ela há havia anestesiado os sentidos.

 

Tinha um único objetivo: desautocentrar!

Olhava para o Sol. 

Nele estavam os meus olhos.

Voava em sua direção.

 

Se os ventos eram fortes,

pousava num galho seco

- asas fechadas e molhadas -

e aguardava a tempestade passar.

 

Se o Sol brilhava,

ou, mesmo se o dia

se fizesse enevoado e nublado

abria asas e voava.

Planava nos ventos calmos e mornos.

 

Amarrado às minhas costas, um fio.

Preso a ele, um envelope.

Levava meu coração

e desejos de sempre felicidade.

 

Entreguei mil e mais mil

e milhões de vezes aquela missiva.

Queria que no abrir do envelope da vida,

um sorriso se abrisse no olhar.

 

A sua sempre foi - e é -

a minha felicidade!