Tem dias e tem dias.

Há dias que os olhos acordam felicidades

e há dias que os ombros erguem solidão.

Os meus sentidos são sempre

o reflexo de meu olhar no espelho.

Ecoa a imagem em mim.

 

Um olhar de sorriso,

uma mão que não toca,

um corpo que aguarda, espera.

 

Se pisar nos cristais

vou ferir os pés, porque não sei

mirar ou caminhar

sem ser o desastre

que sopra ventos

(in)cálidos em tua face.

 

Tenho medo pisar nos cristais

e esfarelar tua vida pelo chão.

 

Não queria ser o desastre.

Queria ser teu porto seguro.

 

Aquele cais em que pudesses

te agarrar, com força e ligeiro,

se o medo batesse

em meio à tempestade

ou quando te sentires

um pássaro acuado

diante das intempéries da ordem.

 

Ou, ainda, quando te sentires

caindo num precipício

tentando alcançar

algum amanhã sem apaches.

Queria ser teu porto seguro.