A APOTEOSE DE HÉRCULES -- FINAL

A APOTEOSE DE HÉRCULES XXI – 24 junho 2022

Em seu ressentimento o Peloponeso invadiram,

capturando cidades numerosas,

mas uma praga grassou pela região

e consultada, a Pitonisa declarou:

“Os Heráclidas antes do tempo aqui surgiram.”

Por sua vez, com ofertas bem preciosas,

foi Hylos esclarecer a previsão.

“Quando é o tempo certo?” – ele indagou.

“Espere a terceira colheita,” ela afirmou.

Outros três anos, Hylos então interpretou.

Após terem os três anos decorrido,

Hylos marchou pelo Peloponeso novamente,

ali encontrando grande resistência dos Aqueus

e para evitar-se um grande derramamento

de sangue, por um arauto foi sugerido

que a disputa se resolvesse civilizadamente,

por meio de um duelo. “Serão meus

o trono de Tegéia e a cidade totalmente,

caso eu vencer a peleja combinada

e coisa alguma me será então negada.”

“Mas se acaso eu perder este combate,

os Heráclidas depressa partirão,

para voltar só daqui a cinquenta anos.”

Equenos, então Rei de Tegéia, aceitou o desafio

e nessa luta singular a Hylos abate,

que em Megara a sepultar conduzirão

e os Heráclidas cumpriram os seus planos,

da retirada a tomar o triste fio,

indo ao Rei Egimos, de quem requereram

o terço da terra que a Hércules prometeram.

Mas Licymnios e seus filhos ali ficam,

juntamente com Tlepolemos, que Hércules gerara

e na região de Argos foram recebidos,

quando o Oráculo foi de novo interpelado

e os sacerdotes sua profecia explicam:

“Por três colheitas, a Pitonisa significara

a terceira geração.” E assim instruídos,

entenderam que Hylos a havia mal intepretado.

Quanto a Alcmena, para Tebas retornou

e até longa velhice nesse lar se conservou.

A APOTEOSE DE HÉRCULES XXII – 25 junho 2022

Mas quando Alcmena finalmente faleceu,

Zeus ordenou a Hermes que em segredo

abrisse o ataúde e dele a retirasse;

Hermes o encheu de pedras em seu lugar

e com o poder de voar, que era o seu,

a carregou para um destino ledo,

que nas Ilhas dos Bem-aventurados despertasse

e rejuvenescesse para ali habitar,

em que um certo Radamanthos desposou

e em felicidade plena ali habitou.

Mas os Heráclidas muito pesado acharam,

levando aos ombros um simples ataúde

e quando o abriram, as pedras descobriram,

mas que o fardo era sagrado acreditaram

e nas cercanias de Tebas o enterraram,

assim interpretando o seu engano rude:

Foram os deuses que o real corpo tomaram.

E como deusa doravante a adoraram.

Mas em Argos, por acidente inesperado,

Tlepolemos matou seu tio amado.

Ele estava um escravo seu a castigar,

quando Licymnios, então já velho e cego,

foi tropeçando até o meio dos dois

e na cabeça sofreu um golpe fatal;

os demais Heráclidas decidiram-no expulsar

e Tlepolemos construiu, com grande apego,

uma birreme, em que partiu depois

para na Ilha de Rhodes ir aportar no final,

após longa e penosa travessia

e até sua morte nessa ilha ficaria.

Hércules ainda teve um outro filho,

com a ninfa Melita, descendente

daquele Egaios, que era deus de um rio.

Hércules havia chegado a tal paragem

após um longo e amargurado trilho,

esperando ser purificado finalmente

pela morte de seus filhos, no desvario

de sua loucura, quando Hera tal voragem

lhe provocara. Este filho ele enviou

para o golfo de Corinto, que colonizou.

A APOTEOSE DE HÉRCULES XXIII – 26 junho 2022

O último filho de todos os Heraclianos,

foi Trágenes, depois famoso atleta,

cuja mãe no templo de Hércules adormecera

e o espírito do deus tomou-a na ocasião,

embora ela julgasse, em plenos enganos

que era o sacerdote que assim a afeta,

de fato seu marido ser lhe parecera,

Timóstenes, sacerdote e ali o guardião,

mas quando depois foi ao esposo interrogar,

negou-lhe dela sequer se aproximar!

Pois a podia abraçar no próprio leito,

sem precisar o seu templo profanar;

assim sendo o próprio deus se demonstrou,

em especial quando o menino se desenvolveu,

tão forte sendo por ter pleno direito

à semente divina que a viera fecundar;

atleta olímpico, muitos prêmios conquistou,

sem ser herói, pois em combate faleceu;

mas para a mãe foi um motivo de vaidade,

reconhecer de Hércules ter a paternidade.

Eventualmente, os Heráclidas retornaram

ao Peloponeso, já na quarta geração,

matando Tisamenes, então rei de Micenas

e a península toda finalmente conquistando.

Temenos e Ctesifonte então os guiaram,

com os gêmeos Procles e seu bravo irmão,

Eurystenes, que governou Atenas,

a profecia assim se completando.

Tisamenes era de Orestes descendente,

mas ante a profecia demonstrou ser impotente.

Na terceira geração, um príncipe estouvado,

matara sem motivo Karnos, um poeta Acarniano,

que se aproximara, os seus versos a cantar:

naufrágio e fome os vieram assolar

e novamente lhes foi profetizado

que só venceriam pelo poder arcano

de um guia de três olhos a encontrar.

Então um certo Tríops foram contratar,

que os conduziu finalmente à sua vitória,

por quatro gerações adiada a glória.

EPÍLOGO

Mas novamente aqui houve um simbolismo,

que este Tríops ao ser visto, cavalgava

um cavalo caolho, ou seja, de um olho só,

portanto Tríops não sendo o seu nome,

mas foi assim chamado em eufemismo,

com os dois olhos o seu guia enxergava,

mas o cavalo meio cego que causava dó,

que mais por audição então seu rumo tome.

E aqui termina a longa história, finalmente,

após o herói ter adorado tanta gente.

MITOSTEGOS E OUTRAS FONTES

Robert Graves, o maior compilador dos tempos modernos,

Sófocles, Hekateos, Longinos, Diodoro Sículo, Tzetzes,

Apolodoro, Pausânias, Ferécios, Antoninus Liberalis,

Eurípedes, Strabo (Estrabão), Zenóbios, Lysias, Isócratas,

Plutarco, Homero, Apolonius Rhodios e Heródoto.